O preço dos jogos

Olá amigos hoje temos um tema que eu espero que não seja mal interpretado e peço que designers, malta ligada às editoras e mesmo quem venda jogos ao público se chegue à frente e discuta isto.







Tendo noção que isto pode ser considerado um tema mais sensível eu vou tentar abordá-lo de forma mais séria. 

Eu não vou fugir aqui à questão e digo já de início eu acho os jogos de tabuleiro caros! E a sensação que tenho é que estão a ficar cada vez mais caros. Dito isto, eu acho que os jogos valem o valor que pagamos por eles. Será que me estou a contradizer outra vez? Eu não acho.

Vamos começar por avaliar o objecto em si, o jogo. Parem por um momento para pensar no que estão a pagar quando compram o jogo: pagam uma ideia de design, provavelmente anos de desenvolvimento, um tabuleiro, uma série de cartas e componentes que podem ser mais ou menos elaborados. 
Por exemplo, serão os 130€ mais coisa menos coisa do Gloomhaven demasiado? Nunca joguei, mas pelo que leio aquilo tem gameplay para o resto das nossas vidas...Os jogos do nossa Vital Lacerda que normalmente também andam na casa dos 120€, com toda a complexidade que trazem e incrível produção que a Eagle-Gryphon costuma colocar serão caros? Sim caros são, mas na minha opinião valem o preço.
A título de exemplo considero mais "caros" os jogos da série Exit (que eu até acho piada atenção). Acredito que do ponto de vista criativo sejam muito difíceis de fazer, mas no que toca à produção penso que não justificam o valor, ainda para mais quando representam uma única experiência.
Deixei estes exemplos, porque foram os que me lembrei que poderiam exemplificar melhor o que queria demonstrar, não está relacionado com as minhas preferências.

Também é natural que grandes editoras consigam colocar jogos com componentes mais elaborados a preços mais simpáticos do que pequenas editoras, mas penso que isto é fácil de explicar.

Olhando para o lado mais prático da coisa vou tentar partilhar a forma como eu vejo isto. Vamos assumir que um jogo custe 50€/60€ deve ser mais ou menos a média dos preços e vamos tentar partir esse preço.

O designer tem de receber a sua parte, pela ideia, pelo trabalho a fazer protótipos e playtesting e pelo trabalho de o "vender" a uma editora. O ilustrador tem de ganhar algum para fazer o jogo o mais bonito e perceptível para nós. A editora tem de pagar toda a produção do jogo e há jogos que têm mais componentes na caixa do que grãos num pacote de arroz. Tem de pagar o marketing do jogo e transporte para os retalhistas. O retalhista tem de ter a sua margem...ora já dividiram os 50€/60€ pelas bocas todas? Se calhar não dá assim tanto.

A somar a isto temos a crescente qualidade dos jogos, obviamente isto não é verdade para todos os novos jogos, mas, eu penso que regra geral os designs vão ficando melhores e os componentes cada vez mais realistas...se um jogo tiver como recurso bananas, um cubo amarelo já não é bom o suficiente já toda a gente quer componentes em forma de banana! Qualquer dia até passam a ser consumíveis, quem sabe?

Obviamente os jogos são pesados para as nossas carteiras e como disse no início eu acho que são caros, mas penso que se desembrulharmos o preço final que pagamos até ao jogo chegar à nossa mesa, se calhar até deve estar mais ou menos certo.

Nunca se esqueçam, ainda bem que os jogos são um negócio e os diversos intervenientes conseguem ganhar dinheiro porque no dia em que isto não tiver o mínimo de rentabilidade vos garanto que não vão haver mais jogos para nos entreter.

Espero que ninguém se sinta ofendido ou atacado por este texto, porque o objectivo do mesmo não é esse de todo! É apenas dar a minha visão, sendo que eu vejo de fora, não conheço nem conversei com ninguém ligado à indústria e portanto o que escrevi pode não fazer sentido nenhum, daí que peça para as pessoas que estão efectivamente ligadas a isto comentem, e digam (dentro daquilo que realmente pode vir a público) como realmente funciona.
 

Comments

  1. Não estando directamente neste ramo, vou dar uma opinião geral e pessoal. O volume de produção é o que faria baixar os preços para ser mais competitivo com os Monopolios, 4-em-linha, Tabuleiros de Xadrês. Uma familia tendencionalmente não vai precisar de ter uma prateleira enorme de 20 ou 30 jogos e acho que se alguns jogos começarem a chegar ao preço de um Risco, há potencial para ser um dos jogos que a familia vai herdar. Duvido que alguma vez vás bater o valor de um baralho de cartas clássico disponível em todo o lado pelo preço de um prato de caracois.
    Pessoalmente, percebo o custo que os jogos têm, e normalmente não acho que estou a ser roubado e quis ter uma coleção com jogos de equipa, económicos, controlo de área, etc para ter um bom leque. Por outro lado, um português comum tem um orçamento limitado para entretenimento familiar e entre uma ida ao cinema em época festiva, um jogo da Days of Wonder e a assinatura do Disney Channel já foi uma boa parte do orçamento, portanto aqui o que importa é conseguir perceber o que é efectivamente um bom investimento para a família (e amigos) e aceitar que nem tudo pode ser produzido em massa. Tenho muito apreço pelos vários canais de review, opinião e recomendação, portugueses e não só, para ajudar a decidir onde investir o meu "plafond".
    Eu gosto de gastar acima da média em jogos de tabuleiro e combustível do carro, e sou mais poupado noutros gastos, cada um faz as suas opções.

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    1. Olá Daniel! Obrigado pelo tua visão. Não podia estar mais de acordo, obviamente a questão de prioridades é o que nos faz gastar mais ou menos nos jogos, mas acredito, tal como tu, que não estou a ser roubado. Tal como disse acho que é preciso perceber que existe e tem de existir um negócio por trás para que possamos continuar a ter novos jogos.

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